AW-16639712231 Bioenergética: O Diálogo Silencioso do Corpo
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Foto do escritorGabi Carvalho

Bioenergética: O Diálogo Silencioso do Corpo


Bioenergética: O Diálogo Silencioso do Corpo

O que é Bioenergética


A abordagem da terapia Bioenergética oferece uma perspectiva única na psicoterapia, onde a compreensão da natureza humana está intrinsecamente ligada aos processos energéticos do corpo. Conhecida também como Análise Bioenergética, essa modalidade terapêutica foi elaborada por Alexander Lowen, discípulo de Wilhelm Reich.


De acordo com os princípios da Bioenergética, não apenas possuímos um corpo, mas somos, de fato, um corpo. É neste invólucro físico que nossos conflitos internos e obstáculos psicológicos deixam suas marcas indeléveis. Ao longo do tempo, nossa armadura muscular gradualmente se configura em resposta às experiências vivenciadas, criando uma concha que, de certa forma, distorce o fluir da energia vital.


Na prática da terapia Bioenergética, empregamos uma variedade de posturas corporais para facilitar a liberação de emoções reprimidas, as quais se manifestam no corpo sob a forma de tensões musculares. Para alcançar esse propósito, trabalhamos na desativação de músculos contraídos, prescrevemos posições desafiadoras e encorajamos movimentos expressivos, solicitando ao paciente que se entregue às emoções que emergem.


O objetivo fundamental é auxiliar o indivíduo a vivenciar plenamente as funções básicas do corpo, incluindo a respiração, os movimentos, a autoexpressão, a sexualidade, assim como os sentimentos e emoções. Este processo visa promover uma integração mais profunda e harmoniosa entre a dimensão física e emocional, permitindo um maior desfrute das experiências essenciais da existência.



Nosso corpo tem memória

Nosso corpo tem memória


Conforme os princípios da Bioenergética, cada manifestação física do corpo carrega consigo um significado profundo. Para ilustrar a direção do trabalho em bioenergia, considere o seguinte exemplo:


Quando uma criança teme a repreensão, punição ou a restrição de expressar sua raiva, ela aprende rapidamente a reprimir esse sentimento. Esse processo pode se manifestar através do apertar da mandíbula, do fechamento da boca e da contração interna da garganta, gerando tensão.



Alternativamente, a criança pode deslocar energia de outras partes do corpo (negação) ou tensionar grupos musculares específicos (punição, somatização). Em alguns casos, ela pode adotar uma fachada de comportamento oposto, encobrindo seus verdadeiros sentimentos (mecanismo de defesa).


Quando essa experiência se repete de forma crônica, a postura adotada pela criança se solidifica em seu corpo, resultando na aprisionamento da energia entre duas forças contraditórias: a necessidade de expressar a raiva e a necessidade de contê-la. Esse processo cria uma dinâmica complexa que influencia profundamente a relação entre a expressão emocional e a contenção.



caráter conforme a perspectiva de Wilhelm Reich

Caráter conforme a perspectiva de Wilhelm Reich


Reich delineia o caráter como "a maneira habitual e fixa de resposta do indivíduo a situações conflituosas, ecoando experiências semelhantes àquelas da infância, em que o temor de punições levava a criança a restringir a respiração, contrair os músculos e suprimir sua atividade interna e mental, como forma de evitar a ansiedade provocada pela livre expressão de seus sentimentos".




Os impulsos biológicos naturais de uma criança são frequentemente cerceados e limitados pela presença de hostilidade, desaprovação, punição ou indiferença por parte dos pais e figuras de referência. A resposta da criança é moldada por sua constituição biológica, os impulsos contidos, o estágio de desenvolvimento e as características do sexo e do caráter da pessoa que exerce maior pressão sobre ela.


A emergência dos denominados "mecanismos de defesa" origina-se dessa dinâmica, sustentando essas posturas mentais por meio de uma estrutura somática conhecida como "armadura muscular". Ambas, as atitudes mentais e a armadura muscular, compõem o caráter ou o tipo bioenergético do indivíduo.


Tipos de caracterologia bioenergética


A energia vital procura atender às exigências do indivíduo com o mínimo dispêndio de energia. Nesse percurso, depara-se com obstáculos que contribuem para a estruturação do caráter.


Um exemplo ilustrativo ocorre quando um bebê chora no berço enquanto a mãe está ocupada aquecendo a mamadeira ou realizando tarefas domésticas. O caráter desempenha um papel de proteção e isolamento, capacitando-nos a adaptar e desconectar em face dessas situações.


Conforme a perspectiva bioenergética, o caráter se desenvolve ao longo de cinco fases evolutivas. Cada fase apresenta uma necessidade primordial, cuja frustração repetida pode resultar em feridas emocionais. A identificação com essa estrutura condicionada (o caráter) é o alicerce que nos mantém alienados e desconectados de nosso verdadeiro Ser.


Esse processo de desenvolvimento é segmentado em cinco fases:


Caráter Esquizóide. (Até 3 meses) Precisa ser visto e aceito. Ferida: Rejeição


Caráter Oral. (De 3 a 18 meses) Necessidade de cuidados e nutrição. Ferida: Abandono


Caráter Masoquista. (De 18 meses a 2,5 anos) Necessidade de intimidade. Ferida: Humilhação


Caráter Psicopata. (De 2,5 anos a 3,5 anos) Necessidade de independência. Ferida: Traição


Caráter Rígido. (De 3,5 anos a 6 anos) Necessidade de liberdade Ferida: Injustiça


Todos nós passamos por todas essas fases de desenvolvimento, e na medida em que gastamos maior quantidade de energia passando por elas, isso fará com que o corpo estruture mais tensões e defesas de uma dessas etapas de desenvolvimento.


Embora não sejamos compartimentos estanques e tenhamos características de todas as fases, a consciência se identificará mais com uma delas. E funcionará mecanicamente com o padrão de caráter que mais teve que ser estruturado, para se adaptar ao ambiente.


Nos artigos seguintes desenvolverei cada um dos 5 caracteres bioenergéticos mencionados.



Bibliografia:

LOWEN, A. Bioenergética.

LOWEN, A. A linguagem do corpo.

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